domingo, 30 de junho de 2013

Pierre Bourdieau

Nascido na cidade de Denguin, França, no dia primeiro de agosto de 1930, Pierre Félix Bourdieu  era proveniente de uma família campesina. Ao completar seus estudos básicos, mudou-se para Paris, onde estudou na Faculdade de Letras aos 21 anos de idade. Em 1954, Pierre Bourdieu formou-se em Filosofia e iniciou sua vida profissional como professor em Moulins. Sua carreira sofreu uma interrupção em função do serviço militar obrigatório que o enviou para a Argélia. Aproveitando-se do deslocamento, assumiu o cargo de professor na Faculdade de Letras da capital do país, Argel.
De volta a Paris, Pierre Bourdieu foi assistente de Raymond Aron, importante filósofo, sociólogo e comentarista político da França na Faculdade de Letras de Paris. Foi no mesmo, 1960, que se tornou membro do Centro de Sociologia Europeia, no qual ocuparia o cargo de secretário-geral dois anos depois. Seu retorno à França marca também o início de sua volumosa produção científica. Sua publicação entre as décadas de 1960 e 1980 o caracteriza como importante sociólogo do século XX. A repercussão de suas reflexões o leva a lecionar em importantes universidades do mundo. Pierre Bourdieu destacou-se por propor uma crítica sobre a formação do sociólogo, buscando o que ficou identificado como “Sociologia da Sociologia”.
Pierre Bourdieu  tornou-se referência na Antropologia e na Sociologia publicando trabalhos sobre educação, cultura, literatura, arte, mídia, linguística e política. Suas reflexões dialogavam tanto com as esferas de Max Weber, como com as classes de Karl Marx. Adotando a nomenclatura de construtivismo estruturalista ou de estruturalismo construtivista, Bourdieu argumentava que há estruturas objetivas no mundo social que podem coagir a ação dos indivíduos. Todavia essas estruturas são construídas socialmente. Por outro lado, Pierre Bourdieu rejeitava a dicotomia subjetivismo/objetivismo nas ciências humanas, dizendo que as relações sociais estão numa relação dialética.
Partindo do princípio anterior, destaca-se uma das questões mais importantes apresentadas no pensamento de Pierre Bourdieu: a análise de como os indivíduos incorporam a estrutura social, legitimando-a e reproduzindo-a. Seu mundo social era construído sobre três conceitos: campo, habitus e capital. O primeiro representa um espaço simbólico no qual os confrontos legitimam as representações. É o poder simbólico que classifica os símbolos de acordo com a existência ou ausência de um código de valores. O conceito de habitus discorre sobre a capacidade dos sentimentos, dos pensamentos e das ações dos indivíduos de incorporar determinada estrutura social. Já o capital representa o acúmulo de forças que o indivíduo pode alcançar no campo. Pierre Bourdieu é o autor dos subconceitos de capital social, capital cultural, capital econômico e capital simbólico.
Com sua vasta produção intelectual, Pierre Bourdieu recebeu o título de Doutor honoris causa em três importantes instituições da Europa: na Universidade Livre de Berlim, em 1989, na Universidade Johann Wolfgang Goethe, em 1996, e na Universidade de Atenas, no mesmo ano. Pierre Bourdieu faleceu no dia 23 de janeiro de 2002 na cidade de Paris.
http://www.espacoacademico.com.br/010/10bourdieu02.htm
via infoescola

Norbert Elias - a teoria sociológica: Teias de interdependência

O sociólogo alemão Norbert Elias (1897-1990) foi responsável pelo desenvolvimento de uma teoria social inovadora, que serviu para alargar o campo dos estudos sociológicos voltados à elucidação de processos sociais, ou seja, dos processos de interação humana no âmbito da sociedade.

De acordo com Elias, a principal tarefa da sociologia é "(...) alargar nossa compreensão dos processos humanos e sociais e adquirir uma base crescente de conhecimento mais sólido acerca desses processos".

A teoria sociológica formulada por Elias pode ser considerada uma abordagem de caráter crítico, cujos conceitos fundamentais foram construídos a partir da identificação das deficiências e limitações de perspectivas teóricas consideradas clássicas pelas ciências sociais, associadas, sobretudo, ao funcionalismo parsoniano (do sociólogo norte-americano Talcott Parsons) e a certas versões do estruturalismo.

As críticas dirigidas a essas abordagens teóricas centram-se, em primeiro plano, na refutação do arcabouço conceitual empregado, que provém da transposição de conceitos do campo das ciências naturais, em particular da física, da química e da biologia, cuja assimilação se evidencia pelo uso de termos como "estrutura", "organismo" e "função".

Os teóricos funcionalistas e estruturalistas tendem a identificar estruturas sociais cujo caráter objetivo estaria associado a atributos coercitivos que exercem influência total sobre o comportamento dos indivíduos.

Na teoria sociológica de Elias, porém, a relação entre o "indivíduo" e a "sociedade" é concebida de outro modo. Norbert Elias não aceita qualquer tipo de concepção social "totalizadora" - e nem mesmo "individualista" - dos processos sociais.
Um esboço da teoria sociológica
A teoria sociológica formulada por Elias concebe sua tarefa como a de analisar os processos sociais baseados nas atividades dos indivíduos que, através de suas disposições básicas - ou seja, suas necessidades - são orientados uns para os outros e unidos uns aos outros das mais diferentes maneiras.

Esses indivíduos constroem teias de interdependência que dão origem a configurações de muitos tipos: família, aldeia, cidade, estado, nações. O conceito de configuração pode ser aplicado onde quer que se formem conexões e teias de interdependência humana, isto é, em grupos relativamente pequenos ou em agrupamentos maiores.

Elias não aceita o pressuposto de que as sociedades têm fronteiras e limites especificáveis, pois as cadeias de interdependência escapam a delimitações e definições abrangentes. Segundo o autor, "a complexidade de se investigar algumas configurações decorre do fato de que as cadeias de interdependência são maiores e mais diferenciadas".

Norbert Elias denomina as configurações de estruturas, mas de modo algum o emprego desse termo guarda qualquer associação com a utilização do mesmo termo pelos teóricos funcionalistas e estruturalistas.
Renato Cancian, Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação é cientista social, mestre em sociologia-política, doutorando em ciências sociais e autor do livro "Comissão Justiça e Paz de São Paulo: Gênese e Atuação Política -1972-1985" (Edufscar).
Artigo originalmente publicado em Educação/uol